domingo, 22 de novembro de 2009

Recebendo o diagnóstico


A importância da atitude
Um diagnóstico de Parkinson é um acontecimento sério na vida de uma pessoa. O modo como o paciente interpreta o fato é muito importante. Disso vai depender a maneira como ele se sente e o que ele faz. Naturalmente, seus sentimentos também afetarão familiares e amigos.

O Parkinson é basicamente físico, mas a mente também pode ser afetada. Ele exige que o paciente aprenda a lidar com ele mental e fisicamente. A maior parte dos pacientes mantém a capacidade de gozar a vida por longos períodos de tempo.

Comportamento nos estágios iniciais
Por serem normalmente muito leves, os sintomas podem passar despercebidos nos estágios iniciais. Pode haver tremor no polegar, que vem e vai, ou uma sensação de tremor interno, ou a escrita pode ficar pequena.

Mesmo aqueles que reconhecem sintomas iniciais e procuram ajuda podem ter suas preocupações descartadas por médicos que não conseguem diagnosticar o Parkinson no começo. Muitas pessoas relatam que o diagnóstico em estágio inicial não foi feito durante consultas em centros de diagnose excelentes e muito famosos. Não foi por culpa dos médicos. Os sinais da doença eram apenas leves demais para um diagnóstico preciso.

Naturalmente, os diagnósticos não são percebidos na maioria das vezes, quando os sintomas não aparecem externamente. Tremores internos não são prontamente observáveis. Pessoas que ignoram seus sintomas podem adiar o reconhecimento da doença. Quando o diagnóstico é feito, elas ficam surpresas de como puderam deixar de perceber sua condição até serem forçadas a fazê-lo. Vários pacientes relatam que pessoas observam e comentam que seus braços não balançam, ficam duros dos lados quando andam. Isso é bem típico.

Adaptações necessárias

Quer o diagnóstico seja feito logo, no caso das pessoas que prestam atenção a problemas físicos minoritários imediatamente, quer muito tarde, no caso daqueles que ignoram mesmo os sintomas mais sérios, torna-se sempre necessário adaptar-se à doença.

Aqueles que aceitam sua condição e procuram informar-se são capazes de melhor programar sua existência. Os que tentam escondê-la das pessoas à sua volta e até de si mesmos enfrentam uma longa série de episódios mentalmente dolorosos. Em tais circunstâncias, a luta para negar o que está realmente acontecendo pode produzir anos de tensão e ansiedade.

A maneira como o indivíduo reage ao diagnóstico depende, em grande parte, da maneira como ele encarava a vida antes da doença. É importante reconhecer, contudo, que o Parkinson é uma experiência singular. Não se pode reagir a ele como se fosse um problema minoritário. Ele não desaparece e é provável que piore com o tempo.

Ao passo que alguns casos progridem extremamente devagar, outros se tornam severos muito rapidamente. Caso algum pode ser previsto com antecedência. O que quer que aconteça, o paciente precisa aceitar o Parkinson como parte de sua vida.

Principais tipos de adaptação

Tanto quanto possível, concentrar-se no lado positivo da vida, adotar a postura "eu vou fazer o melhor que puder" ajudará o paciente. Muitos acham que suas vidas ainda são agradáveis, apesar de a doença não deixá-los agir do modo que agiam antes.

É muito importante que parentes próximos entendam isso, porque sua postura e reações frequentemente influenciam o doente. Uma postura positiva e de aceitação por parte do cônjuge e de outros membros da família e amigos ajuda a manter um espírito de bem-estar e aliviar muitos dos medos e ansiedades que podem acometer o paciente.

Postura sobre informações
Pacientes de Parkinson geralmente têm uma dentre três posturas a respeito de obter informações sobre a doença.

Primeiro, a de não querer saber sobre a doença de maneira nenhuma, tentando não ter nada a ver com ela, encobrindo-a. Há um esforço para negar que ela existe. Segundo, a atitude de deixar as coisas correrem, não tentar encobrir, mas também não tentar fazer algo positivo, apenas aceitando as coisas como elas vêm. A terceira atitude é tentar obter todas as informações possíveis, consultar, planejar de antemão.

Um exemplo da primeira atitude pode ser a pessoa que no seu trabalho descobre que sua escrita está diminuindo, ou que não consegue preencher formulários como costumava fazer. Um homem, superintendente de uma usina siderúrgica, se aposentou um ou dois anos antes do que seria necessário, porque estava envergonhado de não poder preencher formulários.

Outro homem também reagiu tragicamente ao saber que tinha Parkinson. Mecânico de aviões, achou que seu sustento estava em perigo e tentou escapar negando e escondendo sua condição. Não permitia nem mesmo que sua esposa ou seus filhos mencionassem a palavra "Parkinson" em sua presença. Logo em seguida, entrou numa depressão muito profunda, pela qual teve que ser hospitalizado. Somente depois de o médico dizer a ele: "Você tem que encarar o fato de que você tem o Mal de Parkinson", ele começou a se reerguer. A partir de então, ele, sua esposa e família começaram a falar sobre o assunto.

Estes casos ilustram o quão importante é a postura quando se lida com uma doença séria como o Parkinson. Negar o fato impede o paciente de tirar o melhor proveito. A postura de "não fazer nada e aceitar as coisas como elas vêm" pode prejudicá-lo a longo prazo e levar a situações em que informações importantes são obtidas tarde demais ou atitudes são adiadas por tempo demais. Os pacientes precisam ser incentivados a obter as informações de que necessitam para planejar e adaptar-se da melhor maneira possível.


Fonte: "O Parkinson e a Psicologia"
http://www.doencadeparkinson.com.br/psicologia.htm

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